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Família processa Governo por uso de tubo furado em taxista morto por Covid no Delphina
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Uma família na luta por Justiça. É assim que Geovana Matos vive, desde o dia 19 de abril, quando o pai dela morreu vítima de Covid em um leito do hospital Delphina Aziz. Era o auge da pandemia quando Geovane Reis perdeu a vida, horas após ser entubado com um tubo furado, conforme está no processo movido contra o Governo do Amazonas por um descaso que custou a vida deste taxista, pai de gêmeas e avô dedicado. “Sentimos, sim, muita revolta.  Eu tenho nojo desse Governo do Amazonas. Se tivessem atendido e tratado a tempo, meu pai estaria vivo. Porque ele buscou ajuda antes de agravar e não deram a mínima.”, dispara Geovana, que trouxe o pai em uma uti móvel de Manacapuru e viu, sem poder fazer nada, ele morrer sem atendimento decente.

14 DIAS DE SOFRIMENTO

A linha do tempo da morte de Geovane começou 14 dias antes, em Manacapuru. O Amazonas, berço da Zona Franca de Manaus, não tem sequer uma UTI nas cidades do interior. No dia 6 de abril ele foi para o hospital com sintomas e o médico disse que era uma pneumonia bacteriana. Dois internador, foi liberado para casa, onde começou a piorar.

Vendo o pai agravar, Geovana e a irmã gêmea, Gessica, resolveram levar Geovane a Manaus. Na TV, o Governo anunciava que em breve o hospital da Nilton Lins salvaria  vidas. Na capital, o paciente ficou na enfermaria do 28 de Agosto, dois dias, sem vaga nem mesmo na enfermaria. “Resolveram isolar ele, por mais dois dias, depois deram alta. Disseram que era H1N1 e pneumonia bacteriana”, relata Geovana.

De alta, mesmo doente, Geovane volta para Manacapuru com as filhas e piora. Com falta de ar, febre e visivelmente debilitado, as irmãs levam um médico em casa, tentam arrumar oxigênio, mas percebem que o pai corre risco de morte.

Nesta UTI móvel, filhas e Geovane correram Manaus atrás de salvação

No hospital em Manacapuru, finalmente o exame atestou Covid. Foram mais dois dias no interior, Na madrugada de domingo chega a notícia que havia vaga no hopsital Nilton Lins. Na esperança misturada com a agonia, as filhas voltam com o pai para Manaus, e dão de cara com o desprezo no hospital de Campanha do governador Wilson Lima.

“PODE DEIXAR MORRER AÍ”

A cena não sai da cabeça de Geovana. E a história vai parar no SBT, pelas mãos de Roberto Cabrini. Ao chegar na Nilton Lins, a médica avisa que não vai antender, pois “não tem estrutura”. Naquele dia, pela televisão, Wilson Lima mostrava as novas instalações do hospital novinho em folha. Só conversa fiada. “Ele entrou no consultório 2 e a médica disse que não ia atender. Pode deixar morrer aí”, contra a filha.

Na maca, dentro da Nilton Lins: “Pode deixar morrer aí”

Geovane passou 30 minutos no saguão, numa maca, o oxigênio acabando, ele morrendo, e ninguém fez nada. Desespeadas, as filhas colocaram o pai de volta na ambulância e foram para o Delphina, de acordo com o Governo, a referência para a Covid.

Caso teve repercussão nacional, pelas mãos de Roberto Cabrini

TUBO FURADO

No Delphina o taxista foi levado para as entranhas da morte. Entubado e isolado, Geovane passou 7 horas com um tubo furado. às 11 horas da manhã de domingo, ligam do hospital para comunicar o óbito. “7H55 o médico viu que o tubo estava furado. Aí eles trocaram e entubaram de novo. Horas depois ele começou a ter parada cardíaca, fizeram oito ciclos de reanimação, sem sucesso”.

Trecho do processo movido contra o Governo do Amazonas

“Meu pai faz muita falta, era o único avó vivo das crianças, meu filho de 8 anos tá no psicólogo em acompanhamento porque não consegue viver sem o avó. Era como um pai para ele”, desabafa Geovana, ainda sem acreditar no que passou.

Governador Wilso Lima inaugura hospital Nilton Lins, onde o taxista não foi atendido

Sem o pai, a luta agora é por justiça pela morte deste homem de família, casado, cidadão que pagava seus impostos e morreu implorando atendimento. “A gente, filhas, estamos levando a vida, mas com essa dor, tristeza, porque nem nos despedir dele não foi  possível. Não o vimos mais depois que entrou naquele Delfina. Tudo muito triste e até hoje ainda não caiu a ficha.  Estamos sem chão. Era muito querido por todos nós.
Um pai presente, avó presente e protetor mesmo”.

Delphina Aziz recebeu câmara frigorífica para corpos, e tubo furado para pacientes, afirma a família

SUSAM

A Secretaria de Saúde respondeu nesta sexta-feira ao pedido de posicionamento sobre o caso. Em nota, a Susam afirma que “A Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam) informa que o paciente chegou com o quadro de saúde agravado na unidade de saúde, decorrente da Covid-19”.

O texto curto encerra afirmando que “A secretaria informa, ainda, que o assunto está sendo acompanhado pelo departamento jurídico da unidade”.

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