
Em Tefé, município a 523 quilômetros de Manaus, não há remoções reguladas de pacientes com Covid-19 para a capital ou outro estado desde o último dia 16. Por meio do Polo do Médio Solimões, a Defensoria tem ajuizado, em média, uma Ação Civil Pública por semana para assegurar transferências de pacientes em Tefé.
Desde o dia 12, já foram alcançados 20 pacientes nas ações judiciais. Cinco deles morreram após a Justiça emitir decisões favoráveis e três antes mesmo de saberem que tiveram o pedido atendido pelo Judiciário.
Em um parecer entregue à Justiça, com uma lista de seis pessoas que correm risco iminente de morte, o médico responsável alerta que todos os pacientes que foram intubados no Hospital Regional de Tefé e não removidos para UTIs morreram.
Somente no mês de janeiro, até aqui, 14 pacientes alcançados ou não por decisões judiciais foram a óbito no município aguardando remoção para tratamento adequado.
O documento informa ainda que o hospital consegue disponibilizar assistência somente semi-intensiva, em cinco leitos, sendo que todos estão ocupados. Segundo o médico, só é possível estabilizar o paciente para uma possível remoção.
Em decisão liminar nesta quinta, favorável à transferência de seis pacientes em Tefé, o juiz André Muquy registrou: “Não se trata de divagação judicial ou exercício de futurologia, da simples consulta das demandas propostas há poucos dias pela Defensoria, vê-se que muitos dos postulantes já foram a óbito. E o mais alarmante, os que ainda lutam por suas vidas não recebem qualquer notícia sobre um planejamento logístico para sua remoção”. Segundo ele, a população do interior vive em um “verdadeiro ‘salve-se quem puder’, onde padece o mais fraco, o sem recursos e sem ‘padrinho”.