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Sobrevivente da Covid-19 volta para casa em Iranduba: “A vida do Jair é um milagre!”
Vitória!

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Fotos: Arquivo da família

“O vento balançou, meu barco em alto mar. O medo me cercou, e quis me afogar. Mas então eu clamei, ao filho de Davi. Ele me escutou, por isso estou aqui”, cantarolava com muita dificuldade Jair Marques a canção da cantora gospel Giselli Cristina ao lado de sua irmã, Maxiléia Silva, no leito de hospital como oração para que Deus os ouvissem. A luta era para vencer a Covid-19 em Iranduba.

O funcionário público Jair Marques da Silva, de 50 anos, lutou arduamente por 3 meses para sobreviver. A batalha começou no dia 16 de janeiro deste ano, quando o Repórter Manaós foi o primeiro meio de comunicação procurado pela sobrinha dele, Ana Kelly, que desesperada clamava por um leito de Unidade Intensiva de Terapia em Manaus, porém, naquele momento, o Estado passava pela 2ª onda da doença e faltava oxigênio e leitos disponíveis para os pacientes. A missão era quase impossível. Muitos morreram sem ar.

Foto: Arquivo da família

Mas a família não desistiu. A irmã de Jair, Maxiléia Marques não aceitou imaginar perde-lo e usou todas as forças que lhe encorajava. “Ele passou 15 dias doente em casa, indo e voltando para o hospital até que internaram. Teve um dia que eu cheguei lá, ele estava morrendo. Estava com os pés, mãos e corpo praticamente desfalecidos. Me disseram que precisavam intubar. Não aceitei! Eu sabia que não ia aguentar. Por que meu irmão é obeso, hipertenso, cardíaco e estava com os pulmões comprometidos. A gente cantava bem baixinho e ele cantava com dificuldade”, revelou, emocionada.

Luta 

Maxileia confidenciou que para conseguir transferir o irmão mais velho para Manaus, a luta foi grande, sem dinheiro para contratar um advogado ela se viu sozinha, mas dona de uma fé inabalável usou o maior de todos os advogados. “Eu cheguei ao hospital e um enfermeiro me chamou e disse – você precisa transferir seu irmão, mas só vai conseguir isso na Justiça – foi o que eu fiz, liguei para alguns advogados mas eles cobravam o olho da cara e não tinha dinheiro e estava ficando sem tempo. Então, agi com Deus. Segurei firme nas mãos do Senhor e bati na porta do Ministério Público. Para onde me mandavam eu ia. Bati em várias portas até que uma vez me avisaram que eu tinha conseguido”.

Os demais irmãos de Jair, que no total são 10, se dividiram em oração. Uma verdadeira batalha espiritual, pois todos se contaminaram e somente Maxiléia estava no front com o internado. “Meus irmãos e irmãs foram guerreiros. Enquanto eu estava no hospital, eles ficavam em casa, de joelhos. Quando um parava o outro começava. Assim foram esses três meses. Até que alguns se recuperaram e puderam vir ajudar no hospital”, disse.

Conhecendo a morte de perto 

Segundo Maxiléia, durante todos os 90 dias, Jair em alguns momentos de lucidez, contará que lhe era permitido ver o outro lado. “Ele dizia que via coisas nas paredes. No dia 29 de janeiro me chamaram era 2h da manhã para falar que precisavam intubá-lo porque não tinham mais nada para fazer. Ele puxava o ar e gritava de dor”, relembrou Maxiléia que chorava ao telefone durante a entrevista.

Conforme a senhora, Jair passou três meses lutando, 12 dias internado e 2 dias na UTI e passou para a semi-UTI e depois seguiu para a observação no Hospital Geraldo da Rocha, no bairro Colônia Antônio Aleixo, em Manaus.

Sequelas 

Foto: Arquivo da família

Durante os dias que passavam Jair era tomado pela Covid-19 que se mostrava irredundante. Vencida a pior fase, voltou para casa e mostra sua força mais uma vez, agora com as sequelas. “Meu irmão ficou muito agressivo. Teve uma vez que precisaram amarrá-lo para poder conter. A Covid-19 também fez ele ter amnésia, esqueceu da gente. Não falava mais. Paralisou os rins e emagreceu 40 quilos. Meu irmão pesava 130 quilos e hoje está com 90. A luta foi grande”.

Agora Jair vai precisar reaprender tudo de novo. “Tem horas que ele faz xixi sem perceber. Já lembra da gente. Fala devagar e vai precisar fazer fisioterapia”.

Vencendo o iminigo invisivél 

Mesmo com tanto sofrimento, Jair Marques venceu a Covid-19 e nesta segunda-feira (15), retornou para casa e para seus familiares e amigos em Iranduba. Nas redes sociais, sua fiel escudeira, irmã caçula que foi adotada pelo irmão como mãe, compartilhou a emoção de ter o irmão de volta. “A vida do Jair é um milagre e agora ele me chama de mãe”.

“Nosso encontro não teve abraços devido às circunstâncias… Mas eu precisei tocá-lo, devidamente higienizada e com permissão hoje ele está em casa e vai continuar com o tratamento de reabilitação…nosso irmão voltou!

Deus permitiu que ele ficasse conosco… Venceu a Covid19 e todas as sequelas que foram deixadas, venceremos também ou melhor já venceu. Eu creio louvado seja Deus! Obrigado a todos pelas orações… família, famíliares, amigos de longe e de perto e principalmente a Deus toda nossa gratidão. Jair voltou para o lar”. 
Reencontro com os irmãos 
Por Suzana Martins – Equipe Repórter Manaós 

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