Com uma câmera na mão, um olhar apurado e em meio à pandemia do Coronavírus, o fotógrafo Wenderson Mac-Dovel, de 23 anos, nascido na zona rural de Abaetetuba no Pará, emocionou as redes sociais neste final de semana. Ele compartilhou com seus seguidores, as fotos de crianças ribeirinhas indo para a formatura do ABC do Anexo Escolar Nossa Senhora dos Navegantes (Anexo da Escola Municipal Milton Monte), no Rio Aurá, ilha da Várzea, na capital Belém, em uma canoa. Isso mesmo, em uma canoa.
A história foi contada com exclusividade ao Portal Repórter Manaós.
“Pelo que conversei com o barqueiro, elas moram em regiões muito distantes da escola, levam mais de 40 minutos de barco para chegar. A pandemia, hoje é o maior desafio, registrei o primeiro dia na escola depois de meses de ensino remoto, onde os professores levavam os materiais até a casa deles [alunos], e na sexta-feira (11), apareceram para a formatura”, revelou o jovem Wenderson.
“Foi emocionante, primeiro porque logo retornei a toda a minha infância no interior e em escola pública. Sempre tive noção de que só através da educação eu conseguiria sair de onde eu morava mas as oportunidades eram escassas e isso me frustrava muito, mas aí percebendo que de alguma maneira essa realidade está mudando e essas crianças estão tendo a oportunidade de contar com gestores e professores atentos as diversas realidades para que elas tenham mais oportunidades de mudar de vida”, detalhou o profissional.
Wenderson fez uma entrevista rápida com a coordenadora da escola, que atende 92 alunos e, que, durante a pandemia do novo Coronavírus, tiveram que se reinventar.
“Paramos em março, mas continuamos com as atividades remotas. Onde levávamos as atividades nas casas dos alunos. As crianças faziam e retornavam as atividades para gente. De abril ate agosto nós faziamos de 15 em 15 dias, as atividades e depois de agosto começamos a fazer semanalmente”, disse a coordenadora da unidade escolar Tamires Trindade.
Para finalizar, o fotógrafo relatou que jamais esperou tanta repercusão pelo trabalho realizado. Vale ressaltar que a postagem já alcancou mais de 3 mil compartilhamentos.
“Ver isso me deixou muito feliz e com lágrimas nos olhos, me fez ter a certeza de que um dia eu vou usar o meu trabalho como fotógrafo e cineasta para levar aos olhos da sociedade a enxergarem a importância de uma educação básica presente e de qualidade”, contou emocionado.
“De maneira alguma, eu nem ia abrir a privacidade para pública mas aí uma amiga pediu porque queria compartilhar. Foi um susto quando chegou a 200 compartilhamentos pois geralmente publico minhas fotos apenas no Instagram e logo após arquivo porque acho que meu trabalho ainda não tem relevância”.
Por Suzana Martins – Equipe Repórter Manaós