
Mais de 100 mil pessoas se reuniram neste sábado (13/9) no centro de Londres em um ato convocado pelo ativista de direita radical Tommy Robinson, conhecido por organizar manifestações anti-imigração. No mesmo período, um protesto menor, com cerca de 5 mil antirracistas, também ocorreu na capital. As estimativas são da Polícia Metropolitana (Met).
Sob o lema “Unir o Reino” (“United the Kingdom”, um trocadilho com “Reino Unido”), a marcha ocupou a região de Whitehall, próxima aos principais edifícios do governo britânico. Houve uma série de discursos — entre eles uma participação por videoconferência do bilionário Elon Musk.
A primeira metade do evento transcorreu de forma majoritariamente pacífica, mas, mais tarde, a Met relatou “violência inaceitável”, com garrafas, sinalizadores e outros objetos arremessados contra policiais. Nove pessoas foram presas. Para separar os grupos, cerca de 1 mil agentes foram mobilizados e barreiras criaram uma “área de segurança”; outros 500 policiais vieram de fora de Londres (Leicestershire, Nottinghamshire, Devon e Cornwall).
De um lado, cartazes diziam “refugiados são bem-vindos. Parem a extrema-direita”; do outro, o grupo “Unir o Reino” agitava bandeiras do Reino Unido e da Inglaterra (Cruz de São Jorge). A Met afirmou que agentes foram atacados ao conter avanços sobre áreas isoladas e ao impedir tentativas de rompimento dos cordões policiais. Em certos momentos, houve confrontos: cassetetes foram usados para conter a multidão em Whitehall e na Trafalgar Square; uma garrafa de vidro chegou a atingir um cavalo da cavalaria.
Robinson (nome civil Stephen Yaxley-Lennon) discursou criticando políticos por “repetirem” suas ideias e alegou que tribunais britânicos têm priorizado os direitos de migrantes em situação irregular frente aos da “comunidade local”. Ele citou decisão recente do Tribunal de Apelação que derrubou liminar contra o alojamento de solicitantes de asilo no The Bell Hotel, em Essex. O ativista deixou a prisão no início do ano após ser detido, em outubro, por descumprir ordem que o proibia de repetir alegações falsas contra um refugiado sírio que o processou por difamação.
Em aparição surpresa por vídeo, Elon Musk defendeu “mudança de governo”, pediu a dissolução do Parlamento e novas eleições. A apresentadora Katie Hopkins, figura conhecida da direita radical britânica, também falou ao público.
Na manifestação antirracista, a deputada independente Diane Abbott lembrou que racismo, violência e fascismo “não são novidade” e disse confiar que esses movimentos serão derrotados. Antes dos atos, a Met informou que não utilizaria reconhecimento facial ao vivo no policiamento da marcha de Robinson e citou “preocupações específicas” em comunidades muçulmanas, dadas a retórica anti-muçulmana e cânticos ofensivos registrados em marchas anteriores. A polícia determinou que a marcha “Unir o Reino” terminasse até as 18h e o ato contrário até as 16h, conforme horários informados pelos organizadores.
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