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Viúva de açougueiro parintinense exige justiça: “Só Deus sabe o que tô passando”
Luto e revolta

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“Meu marido era carinhoso, antencioso, quando minha mãe morreu ele me deu tanta força. A gente tinha tantas coisas em comum, a gente se completava. É por isso que eu não aceito a forma que ele foi tirado de mim. Ele era uma pessoa boa, não fazia mal a ninguém, era querido por tantas pessoas.” O desabafo é de Vânia Frade, viúva do açougueiro Ocimar Lázaro da Silva, 35 anos, covardemente assassinado enquanto trabalhava domingo passado (7), em Parintins.

Ocimar morreu defendendo o pão da família e a vida da sobrinha de 17 anos, que estava no caixa e teve a arma apontada para a cabeça. Vendo a cena o tio foi pra cima, entrou em luta corporal para salvar a jovem e acabou perdendo a vida.

Dois bandidos entraram no Box da Carne, para onde Ocimar foi 7 horas da manhã no dia em que a maioria das pessoas tira para descansar. Indefeso, desarmado e sem imaginar, ele foi surpreendido pelos marginais armados, levou dois tiros no tórax e morreu, sem dar à esposa a casa que os dois planejaram comprar minutos antes dele sair para mais um dia de esforço honesto. “Eu só quero justiça. O que fizeram com meu marido foi uma crueldade. Só Deus sabe o que eu tô sentindo, o que eu tô passando. Tô sem força até pra viver.”, afirma Vânia, muito abalada com os dias de horror que tem passado.

Um dos criminosos foi preso na hora. Subiu no telhado, caiu, e só não foi linchado porque a polícia o salvou. O outro se entregou na delegacia, dois dias depois de ficar escondido no mato. A dor de uma esposa não passará com a prisão, ainda mais no Brasil onde a lei é brando com assassinos. “E agora eu digo que mês de março, é o pior mês. Minha mãe fez um ano de falecida no dia 4, ele morreu dia 7, e meu aniversário é dia 31. Só sofrimento.”

SUOR 

“Ele trabalhava de domingo domingo.”, testemunha a esposa, que não consegue fechar os olhos sem ver a presença do marido. “Na segunda ia ser a primeira folga dele!
Todo dia eu acordava primeiro que ele pra fazer café pra ele tomar, e 7 horas ele ia trabalhar. Me beijava como de costume e ia trabalhar. Quando deu umas 7:30 o vizinho me chama desesperado, até então eu não sabia de fato o que tinha acontecido. Eu fui correndo, pois o açougue é bem perto onde a gente morava. Chegando lá eu vejo o corpo dele jogado “, relembra.

“Nessa hora eu fico toda desesperada, gritando, e eu nem fui na ambulância com ele, fui de carona até o hospital, e quando eu chego, um rapaz fala que ele já tava morto. Aquele momento meu mundo acabou.”

Hoje, entre lembranças felizes e lágrimas, Vânia tenta viver um dia de cada vez. “A gente sempre ia pescar, me levava pra passear, sempre fazia meus aniversários. Pra falar a verdade todo lugar me lembra ele. A gente vivia juntos.”

No Brasil, pela lei, ninguém pode ficar mais de 30 anos preso. A polícia fez sua parte e pegou os bandidos, mas a Justiça só pode julgar à luz da Lei.  Esse pai e marido dedicado é mais uma que não voltará para casa. Definitivamente, o Brasil precisa repensar a forma como trata assassinos. Não é justo!

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