Manacapuru é um caso à parde no interior do Amazonas. São 230 casos, centenas de suspeitos e 14 mortes. Apesar de toque de recolher, hospital de campanha e transferência de doentes para Manaus, a Prefeitura não consegue frear o aumento diário de casos. São 97 mil habitantes e uma triste constatação: já tem gente morrendo em casa, sem atendimento. A informação é do próprio secretário, Rodrigo Fábio Balbi, em entrevista ao site UOL, que escancarou o problema para todo o Brasil. “Não sei precisar, mas teve caso, sim. Não são muitos, mas tem pessoas que morreram em casa e a gente foi fazer a coleta mesmo na pessoa morta para investigar”.
O prefeito Beto D´Ângelo chamou as mortes de “tragédia anunciada”. Ele afirma que o povo não colabora. “Há uma resistência de algumas pessoas em fazerem isolamento”. O Amazonas tem 32 cidades com casos registrados, com 521 atingidos pelo coronavírus e 35 mortes. “Diziam que o vírus não se adaptava ao calor, mas aqui ele se adaptou bem”, conta Balbi. “Que o coronavírus podia chegar aqui, nós sabíamos; mas não dessa forma tão agressiva”, completa.
Segundo o secretário de Saúde, o processo de contaminação dos moradores da cidade seguiu um padrão já conhecido. “Esse vírus veio do centro para periferia, e aqui não foi diferente: os nossos primeiros casos foram de pacientes que se dirigiram a Manaus. A partir daí foi se alastrando Aqui passam pessoas de oito municípios do entorno da nossa cidade. Circula muita gente, o que leva o vírus para mais dentro”, explica Balbi, e pior: “Certamente temos mais casos”.
LOTÉRICAS
A retirada de benefícios na lotérica e na Caixa, também atrapalha a cidade. “São aquelas pessoas que vão tirar seu benefício social. As pessoas infelizmente não tomaram ainda aquela consciência, porque não é falta de informação, é por falta de atitude. Passei há pouco pela cidade, muita gente na rua ainda em proteção ainda, umas muito próximas das outras.” As cenas dos próximos capítulos prometem ser tristes.