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Em Iranduba, pai anda 12 Km por dia para sustentar família e salvar filha com leucemia rara
Superação

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Uma família de guerreiros. Foto: Suzana Martins/Repórter Manaós

HISTÓRIA DA VIDA REAL – Andar 12 quilometros por dia, debaixo da chuva e do sol empurando um carrinho com comida não é para qualquer um. Não, não, seu moço! Só os fortes conseguem esse feito. Alías, só os verdadeiros hérois conseguem esse feito. Ainda mais, quando o mundo vira de cabeça para baixo e você precisa mover montanhas e reunir todas as forças para salvar a vida de uma filha, enfatizando; sua única filha. Hoje, o Repórter Manaós te apresenta a história de vida do vendedor de caldo e salgados, Fábio Sales Augustinho, de 35 anos, que mora em Iranduba e faz isso todos os dias.

A contadora de história irá defini-lo como um “Super-héroi” da vida real.

O COMEÇO

Fábio e sua família tiveram a vida mudada pelo destino há  10 meses. Tudo ía bem na medida do possível já que o mundo enfretava uma pandemia. Os dois filhos (um casal) crescendo, esposa trabalhando e ele vendendo seus lanches. Quando, certa noite o pesadelo bateu na porta. Um inimigo invisível que demorou para mostrar sua verdadeira face. Sua pequena Claudia Cibelly, de 8 anos, adoeceu.

“As mãos e os pés dela se enrijeciam, sentia febre, manchas pelo corpo e muita dor. Andamos por vários hospitais. Bati na porta de muita gente pedindo ajuda. Ninguém sabia o que ela tinha. Fizemos vários exames. Nenhum diagnóstico. Era assustador. Eu sabia que ela não estava bem, mesmo com os médicos dizendo na minha cara que ela não tinha nada”.

O INIMIGO SE APRESENTA 

Seis meses depois, com as vendas dos lanches, o casal humilde enfim, pode conhecer o inimigo. Sua pequena foi diagnóstica com LMA Aguda Rara (Leucemia Mieloide Aguda) de alto risco. O tratamento começou imeditamente, mas durará 10 anos. É o tipo mais agressivo da leucemia e raramente atinge crianças.

A família se dividiu. A dona de casa Claudiane Barros fica com a menina no hospital, Fábio e o filho mais velho David Willian, ficam em casa com as atividades do lar, e Fábio com a responsabilidade de conseguir dinheiro. Ergueu as mangas da camisa e foi pra luta.

“Eu não tenho apoio da minha família, muitos se afastaram quando souberam da situação. Nem ligam para saber se a Cibelly está bem. Aqui em Iranduba, eu tenho um primo que tem uma oficina, até cheguei a trabalhar com ele, mas foi só prejuízo, eu não entendia nada e mesmo assim ele me pagava. Sou grato, mas decidi seguir outro caminho e tive ideia de vender caldinho e farofa. No começo foi sofrido, porque era ruim, mas depois eu fui melhorando. Meus amigos, os poucos que sobraram, também me ajudaram no começo, fizeram uma partida de futebol e conseguiram algumas doações.”

“Elas merecem todo amor”, disse o marido Foto: Suzana Martins/Repórter Manaós

Levantando nas primeiras horas do dia, colocando lenha na pequeno fogareiro improvisado e cozinhando sua sopa. Ele já vive essa rotina, tem uns três anos, porém, agora ela tem um outro gosto. O da “vitória”.

Recentemente, Cibelly passou dois meses internada no Hemoam fazendo tratamento, e na última segunda-feira (12) recebeu alta. O que trouxe alegria aos olhos da família.

“Eu ia visitá-la todas as segundas. Minha esposa estava lá com ela. Isso me inspirava e me fazia mais forte. Se eu pudesse voltar ao passado, dava mais amor para elas. Pois merecem tudo”, revelou Fábio.

BATALHA DIÁRIA 

Fábio faz por dia R$60 livre. Com esse dinheiro, o casal divide entre os ingredientes da sopa, pagamento dos salgados que revende, aluguel da casa, alimentação e passagem – esse último, com muita luta, conseguiram retirar da lista e agora recebem ajuda da Semsa de Iranduba.

“Foi difícil no começo o transporte, gastávamos muito. Não sabiamos que a Semsa poderia nos levar. Até que uma assistente Social nos orientou, corremos atrás e conseguimos. Mas mesmo assim, eles só nos levavam. Segundo eles, não tinham carro em Manaus para a gente. Mas, não desistimos, a assistente social nos orientou novamente e agora na última viagem, eles levaram e trouxeram. Isso aliviou”, contou com uma fala mansa a mãe que sentanda olhava para filha com muito amor e zelo.

Já o aluguel da casa, “Esse mês não pagamos, o dono não cobrou, e somos gratos. Pagamos R$200 todo mês. Conseguimos comprar uma casinha na invasão, mas falta arrumar muita coisa lá”, afirmou Fábio, com uma gratidão que estuvafa o peito.

VENDAS 

Diariamente, ele sai de casa duas vezes. Pela manhã vende caldo e farofa e à tarde vende salgados. E já tem clientes fieis que ao verem na rua, assobiam como sinal. Ele para e atende. Até mesmo antes de sair às ruas, os clientes param na frente da residência e compram a merenda. O lanche completo custa R$ 4.

“O lanche dele é muito bom”, indicou o mecânico Brutos e a mesma frase foi dita por seus funcionários que meredam todos os dias com ele.

AMOR

“Minha família é tudo pra mim. Quando a médica leu o diagnóstico, confesso que pensei o pior – vou perder minha filha – fiquei no chão. Mas eu sei que vamos vencer”, relatou com lagrimas nos olhos, debaixo de um sol de mais de 30º na tarde desta terça-feira (13) ensolarada na avenida Amazonas, empurrando seu carrinho e seguindo rumo ao desconhecido.

Foto: Suzana Martins/Repórter Manaós

Por Suzana Martins – Equipe Repórter Manaós 

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