Nesta semana a publicação de uma matéria feita pela BBC Brasil, em Londres, ganhou destaque no Amazonas. Nela, consta citações de testemunhos de médicos que estão no fronte de batalha contra o Coronavírus, um inimigo letal que atingiu o mundo. Leia em baixo.
“Sempre houve déficit no Amazonas, sempre faltou vaga. Sou formada há mais de 10 anos e sempre vi pacientes nos corredores das emergências porque não tem lugar nas enfermarias”, conta uma médica que atua em emergências, UTIs e em ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Manaus. A informações são da BBC Brasil, em Londres.
Hoje, a profissional está na linha de frente do combate ao novo coronavírus no Estado.
“A piora é substancial. Sem macas, agora os pacientes ficam em cadeiras nos corredores das emergências. São pessoas com suspeita de covid-19 contaminando todo mundo. A gente não sabe quem tem, quem não tem, porque até os exames estão em falta”, diz.
“A equipe de enfermagem também é a que mais sofre: eles não têm equipamentos de proteção individual. Não têm, simplesmente não têm.”
A cena narrada pela médica é repetida por outros quatro profissionais de saúde do Amazonas ouvidos pela BBC News Brasil ao longo da semana.
O Estado tem a pior concentração de casos confirmados do Brasil: 323,7 a cada milhão de habitantes (quase o triplo da média nacional: 111/milhão). Além de hospitais superlotados e falta de equipamentos, profissionais denunciam escassez de exames, salários atrasados e riscos enfrentados por médicos e enfermeiros.
“Está sendo o caos”, diz uma das profissionais, que conta que colegas têm comprado equipamentos do próprio bolso para poderem trabalhar. “Álcool 70, coisas básicas, máscara, capote de proteção. Compramos praticamente tudo”acrescenta ela, com a voz embargada.
“Atualmente, a gente tem quer rezar para o paciente não chegar em estado grave.” Com mais de 90% dos leitos ocupados por pacientes com o novo coronavírus, segundo o governador, o Estado recebeu do governo federal uma verba extraordinária de mais de R$ 40 milhões, para o combate para o combate específico à covid-19, doença causada pelo vírus. Médicos, enfermeiros, procuradores e promotores, no entanto, questionam onde o dinheiro tem sido investido.
Fonte: BBC Brasil, em Londres