Início Destaque Jovens organizam grupo ‘Vidas Irandubenses’ para conseguir oxigênio para hospital“Eu nunca pensei...

Jovens organizam grupo ‘Vidas Irandubenses’ para conseguir oxigênio para hospital
“Eu nunca pensei que um dia eu estaria segurando nas minhas mãos a vida de alguém“

1973
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Mahatma Gandhi um dia disse “Quem não vive para servir, não serve para viver” e, o pensador Álvaro Granha Loregian escreveu “Ninguém é tão pobre que nada possa dar e ninguém é tão rico que não precise receber”. E com a tag #VidasIrandubenses um grupo de jovens em Iranduba estão fazendo a diferença na pequena cidade de 49.011 habitantes segundo o IBGE em 2020. Raphael Cantuario, Áurea Katarina, Marciely Potiraguá e mais 60 voluntários estão na incansável luta para ajudar o próximo, na guerra contra à Covid-19, correndo atrás de oxigênio para evitar mais mortes por asfixia.

Foto: Divulgação

Agora, com a segunda onda, o hospital Hilda Freire está com todos os leitos ocupados por pacientes contaminados, e, ainda, enfrentando uma crise sem precedentes por falta de oxigênio, isso em todo o estado do Amazonas. Levando ao desespero familiares que ficam do lado de fora da unidade esperançosos por notícias positivas.

Combatentes em guerra 

É aqui que começa a nossa história. Vendo a situação de calamidade do município, jovens se uniram para enfrentar o inimigo invisível e ajudar os moradores da cidade, profissionais da saúde e pacientes do único hospital, e, estão insistentemente, nas redes sociais pedindo doações, que, após recebidas, são distribuídas. Além de correrem atrás de cilindros de oxigênio para a unidade hospitalar e assim, ajudar a salvar vidas, que é a principal meta dos amigos.

“O objetivo do grupo, a priori , é conseguir oxigênio para o hospital de Iranduba. Só quê; existem pessoas em tratamento home care [em casa], além disso a gente também está ajudando a abastecer os cilindros dessas pessoas que estão fazendo tratamento em casa. A gente também está doando cestas básicas. Comprando cestas básicas com as doações que recebemos”, confidenciou o Turismólogo e Digital Influencer  Raphael Cantuario, de 35 anos, organizador do grupo.

Ainda conforme o influenciador, nenhum dos colaboradores do grupo é funcionário público. “Não fazemos parte da gestão da prefeitura do município. Estamos ajudando o pessoal. Todo mundo recorrendo a gente. Eu estou com vários áudios de acompanhantes de pacientes que toda hora mando mensagem, dizendo a toda hora – vai acabar o oxigênio – e é pra gente resolver. Não é a nossa obrigação, mas estamos fazendo de bom grado. Essa madrugada eu fui dormir 5h da manhã em busca de quatro cilindros”.

Na conta do Instagram o ‘Rapha’ com é conhecido pelo amigos, fez um longo desabafo e agradeceu as pessoas que estão ajudando o grupo, após conseguir 4 cilindros de oxigênio e levar para o hospital, onde já estava zerado.

“Eu nunca pensei que um dia eu estaria segurando nas minhas mãos a vida de alguém, nunca pensei que vidas estariam precisando tanto desse oxigênio em cilindros”.

Criada para ajudar 

A autônoma Áurea Katarina Oliveira da Silva, de 35 anos, uma das organizadoras a frente do ‘Vidas Irandubense’ é uma daquelas pessoas que procuram fazer a diferença na sociedade. Mesmo perdendo uma tia há dois dias atrás para o inimigo cruel, ela não para de ajudar quem ela não conhece e conta que no início foi taxada como ‘treteira’ por pessoas que não acreditava na gravidade da doença.

“Desde o ano passado quando foi dito a gravidade da situação, eu me manifestei nas redes sociais. Me preocupando. Porque eu tenho família com pessoas idosas. Eu sempre fui uma pessoa, apesar de todo o meu jeito. A maneira como eu lido com a vida, de alegria e tudo. As pessoas acharem que sou muito relax, vibes, ou até mesmo treteira como me chamaram na internet. Eu sou muito preocupada com o próximo”, ressaltou a jovem.

Áurea Katarina e voluntárias

Ainda conforme o relato da jovem conhecida na cidade como ‘Kat Bebel’, por se preocupar tanto com o próximo, ela chegou a adoecer, mas mesmo assim, continua sua saga. “Virei meme, figurinha e falavam de mim em grupos. E as pessoas assim questionavam o poder essa doença. Eu passei dois meses fora de Iranduba para recuperar minha saúde. Mas quando vi esse projeto do Raphael e da mãe dele [dona Ema], pedindo ajuda. – Gente quem puder doas R$20 eu vou usar pra comprar oxigênio. Então daí eu já me sensibilizei. Porque a coisa mais triste é você ver o ser humano partir, mesmo sabendo que a irresponsabilidade foi dele, daquele parente esta lá, e ele está chorando lá fora. Ou dele mesmo está acamando.”

“Eu decidi entrar nessa porque eu gosto de ajudar. A solidariedade foi me ensinada desde criança. Eu tenho pais que são solidários e nos passaram isso. Para nós ajudarmos os próximos. E o que a gente não pode fazer lá dentro, a gente pode fazer nas redes sociais”, destacou.

 Emoção 

“Há exatamente 4h da manhã em ponto para a Glória de Deus o oxigênio chegou no Hilda Freire! Nossa união tá sendo linda em prol de um só objetivo que é salvar vidas. Não está sendo em vão, gente”. comemorou a estudante de enfermagem Marciely Potiraguá, donas das frases mais hilárias da internet, mas, que, agora, mantém o foco em ajudar o próximo, com o grupo de anjos.

Marciely e parte da equipe Vidas Irandubenses no Hospital Hilda Freire fazendo doações.

O oxigênio que ela comemora, é a chegada após uma longa espera, na noite deste domingo (18). Após o grupo ser informado que cilindros que a unidade tinha recebido de doações no período da tarde, já estava acabando. E, ela montou campanha na unidade com os parceiros até a chegada dos outros amigos, que se mobilizaram, uniram forças, e levaram para o hospital mais 4 cilindros cheios.

“É uma mistura de sentimentos, tem momento que realmente eu quero desistir eu choro eu sinto a dor do próximo, é como se fosse um parente pra mim, não consigo, o grupo a qual estou participando “Vidas Irandubeses” nós estamos incansavelmente na luta, nós também estamos na linha de frente de uma tal forma que só Deus mesmo pra dar esse sentimento pra gente”, disse emocionada.

Grupo Fera fazendo a escolta dos cilíndros comprados pelo grupo Vidas Irandubenses

“Eu choro sabe, eu me emociono a cada conquista nossa, quando conseguimos abastecer oxigênios”, finalizou Marciely.

Quem puder ajudar o grupo, pode entrar em contato pelos telefones que estão no banner e também, pode fazer doações através da ‘Vakinha On-line’ que o grupo está promovendo.

Vale ressaltar, que todas as doações são acolhidas e no final do dia, há prestação de contas pelo perfil nas redes sociais dos organizadores Áurea Katarina e Raphael Cantuario. O grupo  também tem uma conta oficial no Instagram, acesse no link; Vidas Irandubenses. 
Por Suzana Martins – Equipe Repórter Manaós 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui